O 15 de outubro é a data que no Brasil foi estabelecida como Dia do Professor em 1963. Um dia para homenagearmos essa profissão tão nobre e importante para a sociedade.
Dessa forma o Escrevivendo News, para homenagear esses trabalhadores que são os pilares de qualquer escola, resolveu fazer entrevistas com duas das nossas professoras mais antigas da casa. A professora Priscila do 4° ano do Ensino Fundamental I e a Professora Carol de Língua Portuguesa no Fundamental II e no Ensino Médio.
O responsável pelas entrevistas foi o repórter João que preparou cinco perguntas para as professoras.
Perguntas:
Qual foi a sua motivação para entrar na educação?
Priscila: “Boa pergunta... A minha tia Carminha, ela ajudou a fundar essa escola. Ela era sócia da Cacilda em uma escola de educação infantil e desde que ela abriu a escola eu ia lá com ela, ajudando-a e assim quis seguir os passos dela. Ela foi a minha motivação e até hoje conversamos sobre educação.”
Carol: “Quando eu era formada já em espanhol e aí abriu aqui o colégio e minha tia era coordenadora e queria que tivesse aula de espanhol, mas não tinha professor de espanhol, então ela perguntou se eu poderia dar um tempo de aula no começo do colégio. Daí eu comecei para quebrar um galho, acabei gostando e estava no ensino médio ainda e aí decidi fazer letras, português e espanhol. Então eu comecei dando aula para depois fazer letras.”
Quanto tempo trabalha na escola e o que está significando para você?
Priscila: “No Colégio Escrevivendo estou há 21 anos; entrei quando a Débora coordenadora saiu de licença maternidade. Mas eu acompanho o colégio desde a sua formação por causa da minha tia que foi uma das fundadoras, então eu era pequenininha e já vinha aqui e vi esse colégio crescer. Então por causa disso ele tem um grande significado para mim”
Carol: “Faz 25 anos, eu comecei a trabalhar aqui eu tinha 17 anos e já vai para 26 anos, mais da metade da minha vida que estou aqui. Já fui dar aula em outras escolas e já dei aula em faculdade por um tempo, mas eu não gostei e continuo por aqui. Porque é uma proposta que eu sempre acreditei e tenho uma liberdade muito grande de fazer as coisas por aqui e isso não é toda escola que dá essa liberdade para professor né... e estou seguindo.”
Qual você considera o maior desafio na sua profissão?
Priscila: “Hoje...atualmente, eu diria que seja a parte financeira. Nós temos que trabalhar muito para conseguir um salário mediano, então o desgaste emocional e físico é muito grande afinal o professor não trabalha só na escola, porque ele tem todo o trabalho extra em casa e preparando tudo. Então quando um professor trabalha em várias escolas, por exemplo, o desgaste é muito grande, se ele tivesse o financeiro pelo menos para se manter ele conseguiria se doar mais nas suas aulas e com certeza se sairia melhor.”
Carol: “Eu acho que ser professor no Brasil já é uma coisa fora do normal, ninguém é professor no Brasil sendo normal. Porque não é só a questão da equivalência de remuneração e trabalho como a gente vê, mas é um país que não valoriza o conhecimento. Hoje, por exemplo, a gente tem uma priorização de empreendedorismo do que conhecimento, não é coletivo, mas sim uma causa individual então como você trata isso na educação se a pessoa não vê o porquê estudar, ela não sabe e ela não sabe por que a gente só se preocupa com a questão monetária. É aquele negócio que eu sempre falo né, a pessoas pensam que se forem milionárias pode ter um monte de gente morrendo afinal eu sou empreendedor e de sucesso, o resto não me importa. A educação trabalha com tudo isso, para você saber como melhorar a sociedade, mas a gente vive em um país que não tem visão nenhuma daquilo que é sociedade.”
Qual a coisa que mais lhe orgulha na profissão?
Priscila: “O que eu tenho mais orgulho de ser professora são os diálogos com os alunos... porque eu cresço e aprendo todo dia conversando com os meus alunos. Então é impressionante o crescimento que a gente tem dia a dia, a evolução quanto profissão, a troca de experiencias, seja com criança ou com adolescente ou com adultos, já que eu trabalho com todas as idades. Isso para mim é fundamental e o que mais me motiva.”
Carol: “Para mim é difícil responder essa pergunta, porque eu não me vejo fazendo outra coisa. Eu amo ser professora até porque eu gosto muito de aprender também, por isso que depois de tanto tempo eu me inscrevo em tanta coisa para aprender, eu gosto de ler, eu gosto de montar projeto porque eu aprendo coisas que eu nunca iria aprender se não estivesse fazendo tudo isso. É muito legal, por exemplo, quando vem aluno há muito tempo aqui e lembra da gente e de coisas que a gente fez e a gente percebeu como isso foi importante e que ele carregou, não que ele tenha ganhado dinheiro com isso, mas marcou ele de alguma forma.”
Na sua opinião, qual o rumo da educação no Brasil atual?
Priscila: “Eu vejo a educação bem lenta, desde que me tornei professora e isso tem 25 até hoje eu vi um boom na tecnologia. Algo assim que eu nunca tinha visto antes, computadores, celulares, internet, coisas que evoluíram demais e a educação não acompanhou e a educação tem que se renovar a todo momento. Então quando eu percebo que a educação está ficando para trás da tecnologia, para trás do que estão ficando os jovens e os adolescentes para a informação eu fico bem decepcionada e triste. Então eu acho que a educação tem que ser reformulada urgentemente, ela tem que andar junto com essas novas tecnologias para que os jovens tenham prazer em estar fazendo parte da educação e aprender.”
Carol: “Bom eu serei imparcial até porque nós estamos com tudo aberto se né... as eleições tivessem sido resolvidas no primeiro turno eu já teria uma opinião, hoje eu tenho outra. Eu acho que São Paulo está complicada, eu não vejo muitas mudanças para o estado de São Paulo, talvez eu veja com um pouco mais de esperança a questão da capital do estado. Agora do país, da maneira como está hoje, pensando hoje, a gente teve um corte enorme no MEC recentemente. É como eu falei antes, ser professor no Brasil é um ato de resistência, porque você ter um corte desse tamanho no MEC é uma coisa muito grave, então pensando hoje o negócio está muito feio. Hoje a gente não tem, mas pode ser que em um futuro próximo a gente tenha...esperança.”
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